27 Set CRIANDO COM BARRO PRETO
Começou a aprender esta arte com o seu pai há 20 anos, mas desde sempre o viu a trabalhar o barro preto e, de pequenino, começou ele próprio a experimentar e a gostar de todo o processo. É em Molelos que faz a recolha do barro e ao mesmo tempo que lhe dá forma e é também através de um processo artesanal que lhe dá cor e vida, recorrendo a uma técnica ancestral que hoje nos traz mais um exemplo do melhor que é feito no nosso país e no mundo. Ainda hoje recorre à troca de peças por mais barro e, continuando a criar, nos leva a viajar por um mundo onde a tradição se sobrepõe à modernidade.
Neste momento, o trabalho do barro assume-se como um hobby que vai desenvolvendo, muito conforme os pedidos dos mais interessados nesta arte. Hoje sente, mais do que nunca, que este tipo de artesanato é cada vez menos procurado e valorizado, mas, por outro lado, a cada vez maior escassez de artesãos dedicados a este ofício conduziu a uma mão de obra cada vez mais cara.
Reconhece que, na sua família, este é um interesse apenas seu e do seu pai, sendo, acima de tudo, algo que une os dois e, simultaneamente, os faz reviver memórias de momentos passados.
Fala-nos, com voz embargada e o olhar carregado de emoção, da importância de manter esta tradição para que as gerações vindouras conheçam o passado do nosso país e as práticas e a memória da riqueza imaterial dos nossos antepassados.